segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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A chuva parou na caneca vazia. Vazia como estas mãos que escorregam pelos olhos úmidos, que imagem interessante aquela. Como pudera? Pequeninos cacos que vidro espalhados por todo chão, azulejos rubros de hemácias, onde estivera? Onde estivera sua consciência quando escorregaram os dedos firmes na pele branca? Os dedos? Não os dedos, os cacos. De seus olhos? Que importa! Agora tudo é névoa. Sem chuva, sem lágrimas... E o brilho? Que brilho? Besteiras folclóricas, não há brilho depois da escuridão, depois do vermelho latente. Há apenas o vácuo. E os sons? Estão chegando os sons do horizonte, posso vê-los voando pelo céu. Não se pode ver os sons querida... Claro que sim, eles estão lá, oscilando num turbilhão, tão bonito olhar daqui. O baixo tem a forma de um beijo. O beijo que nunca mais sentirá. Nunca? Não. Estranho, percebo agora que o grito de angústia é vermelho e voa tão mais rápido que o baixo...

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