sábado, 30 de agosto de 2008

Vácuo das Águas

No nosso silêncio mútuo de compreensão
Perderemos o nosso ar e afogar-nos-emos
Perante o vácuo incompreensível das angústias
Locus amoenus em pleno terror dos sonhos

Pelo corte fino da lâmina da adaga
Cujo brilho ofusca mentes desesperadas
Sorridente carrasco dos olhos fechados
Sacode as esperanças de um olhar perdido

A fuga confusa de uma mão enrugada
O reflexo jovem em mentiroso espelho
A seiva da árvore escorrendo em seu tronco
Atormentada imagem em moldura velha

Raízes cada vez mais profundas fixadas
Na lama fétida de um jardim esquecido
Nossos pés que vão pisando em gelo partido
Nossas folhas secas perante a falta d'água

No nosso silêncio mútuo de incompreensão
Perderemos o nosso ar e afogar-nos-emos
Perante o vácuo compreensível das angústias
Locus horrendus em pleno e belo desejo.

2 comentários:

Marcus Vinicius disse...

Olá Cá! Adorei o seu poema! Pelo clima(parabéns pela criação da atmosfera tensa e angustiante do texto, foi o que eu mais gostei no poema todo), me lembrou Edgar Allan Poe. Se me permite a breve interpretação, vi no poema a angústia e o desespero de eu-lírico perante a solidão e a iminência da morte e, na última estrofe, o desejo de recuperar tudo o que se perdeu. Realmente não sei se era nisso que você estava pensando ao escrevê-lo. Gostaria de discutir o conteúdo do poema com você!^^

Beijos

Anônimo disse...

Muito bom o poema, pra variar, hehe
Ele passa uma idéia de impotência frente as dificuldades e adversidades da vida, e no fim a pessoa se conformando e aceitando seu amargo destino, tendo que "engolir" as decepções.
Até mais =)