terça-feira, 29 de julho de 2008

Prece

A mãe dissera-lhe para ficar de joelhos durante a prece, fechar os olhos e comprimir seus suspiros em suaves ondas de pensamento violeta, voando tranqüilas para o infinito de sua imaginação concreta no céu desconhecido. Os lábios abriam-se levemente para liberar o êxtase que se transformava em sufoco, o grito mudo de satisfação em tão poucas palavras sem nexo colocadas uma diante da outra em uma fileira entoada por desentendimento. E as mãos estrangulavam o frágil cordão com contas marcando a pele e a carne com pequenas crateras vermelhas sem ardor, não havia ardor algum, apenas o incomodo de um imaginário manipulado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este texto mostra como pra muitas pessoas o simples ato de orar torna-se um verdadeiro sacrifício humano, a pessoa tenta ultrapassar os limites suportados pelo corpo, na crença de que assim agradará e satisfará melhor seus deuses. Muito intenso isso.
Até mais.