quinta-feira, 17 de julho de 2008

Há tanto tempo...

Há dias que sumiste, nenhum rastro, nenhuma pista, apenas a esperança de um reencontro, talvez majestoso, talvez doloroso. Há anos surgiste, tocando a parte mais obscura da minha alma, tatuando singela flor de poesia na minha pele, palavras vagas, linhas intermináveis, há tempos, há vidas passadas. Há tantos minutos. Sou bobo em acreditar no qualquer coisa que pode aparecer, um bobo incorrigível, incontrolável, em quem mais poderia confiar? Não há mente alguma capaz de me enxergar através dos meus olhos, tu ultrapassaste mais, ultrapassaste meus lábios mortos e secos, meus órgãos podres, meu pulmão sem fôlego. Sabe, procurei por dias, plantei pistas para me iludir, fiz teorias macabras, planos vazios, andei por todas as ruas que me lembrava, às vezes poderia encontrar um pedaço de ti virando alguma esquina, um pedacinho esquecido, deixado para trás. Às vezes. Mas quem disse que “às vezes” existe?

Ninguém. Ninguém me acompanha como uma sombra, um fardo, muito mais ainda, como um fim. Talvez eu esteja destinado a Ninguém, abraçá-lo e deixar meu corpo fluir para um lugar perdido nas entranhas de um beco qualquer. O mundo terminará em letras, um caos de palavras jogadas ao acaso formando mensagem nenhuma, mergulharemos sem medo num mar de significados que nunca entenderemos e ficaremos lá, perdidos, afogados nos dilemas que Ninguém nos jogará para tentarmos decifrar. Um bom passatempo eu diria, pois talvez no caos do fim do mundo eu terei a chance de tentar entender aquelas linhas trêmulas e inseguras que eu tentei parir em momentos de êxtase e desespero, assim como poderei ter a oportunidade de finalmente compreender as tuas linhas tão desejadas e esperadas, esperadas com tanta ansiedade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o texto, passa a idéia de quando nos dedicamos muito à uma pessoa, depositamos muitas esperanças, desejos, sonhos, e depois somos desiludidos, abandonados. E aí a decepção, a frustração e até o desespero parecem inevitáveis. Como consequência disso a pessoa acaba gastando seu tempo procurando pela pessoa e por sinais dela, e corre o risco de desperdiçar sua vida nisso, e quando se dá conta é tarde demais.
Até mais =)

Anônimo disse...

Estou mal. Caindo um pouco, talvez minha pressão tenha baixado. Tenho fome. Perdi meu emprego, duas vezes. Estão fazendo piada de tudo o que digo. Contribuo um pouco, sou o diretor. Ouço uma canção no meu quarto. Ela fala de uma carta. Wish. Beijos!

Eremita Demente disse...

Às vezes só existe, se às vezes a gente acreditar nele.