domingo, 5 de outubro de 2008

Bastava o olhar e o silêncio

Eu não queria abandoná-lo, nunca tal idéia passara pela minha cabeça... Vivíamos num silêncio mútuo desde o começo, mas não nos atrevíamos a mudar o curso das coisas por maior que fosse o nosso carinho. Mas o que eu digo? Mal inicio e já rego de mentiras as poucas linhas que espremo da minha memória. Não, não vivíamos, eu vivia. Eu vivia em um silêncio absoluto. Eu e somente eu, ninguém mais. Ele, bom, ele existia, mas comigo não vivia, para mim apenas existia em toda sua santidade, existia longe, além das minhas mãos e distante de mais dos meus sentimentos mais puros.

Eu não queria abandoná-lo, não podia deixar escapar metade da minha vida. Eu vivia em um silêncio absoluto, isolava-me de todas as possíveis relações humanas, abominava constantemente as conversas, limitava-me apenas a olhar. E o gelo foi se hospedando dentro de algo que ouso chamar vontade, frio e rigidez, nada mais. Nunca me passou pela cabeça a idéia de abandoná-lo, contudo nada fazia eu para mudar a real situação, eu era um ser seco e mudo e por mais que o adorasse eu não sabia como fazê-lo entender, eu não sabia como falar. Ao meu desejo bastava apenas o olhar e silêncio.

2 comentários:

Camila Lages disse...

esse texto é antigo, mas eu tive uma inspiraçãozinha de outro blog pra postar... O Blog do Tyler. Tá nos links ai =]

Anônimo disse...

Legal o texto, dá uma idéia de uma relação do tipo destrutiva, sufocante, onde uma das partes precisa meio que se anular, pra poder conviver com a outra, mas chega uma hora que ela não aguenta mais e precisa se libertar, até por uma questão de auto estima, de orgulho próprio.
Até mais.