domingo, 20 de junho de 2010

Matrizes

Quando acordei naquela manhã o mundo parecia ligeiramente diferente, algo mudara nas cores, não eram mais tão vivas como deveriam ser. Ignorando protestos do meu corpo pesado na cama vesti-me e sai para rua sem saber que o mais bizarro dos acontecimentos estava a minha espera. Matrizes gigantes cobriam por inteiro os transeuntes, nem seus rostos eram poupados. Mais estranho que isto era o que acontecia com os números destas matrizes quando alguém falava ou esbarrava em outra pessoa, eles mudavam rapidamente, num piscar de olhos. Continuei com minha caminhada, ainda meio zonzo de sono. Era estranho, pois eu não conseguia relacionar exatamente o modo como as matrizes mudavam com uma ação social específica. Subitamente meus olhos pousaram em uma matriz cuja maior parte dos números era zero e um sentimento de tristeza invadiu minha mente. Não pude conter as lágrimas que já escorriam pelo meu rosto descontroladas, precisava enxugá-las o mais rápido possível. Acelerado pela minha vergonha e fraqueza, procurei a loja mais próxima e me dirigi ao seu banheiro. Foi então que me espantei pela última vez no dia quando me dei conta que minha matriz não se refletia no espelho.

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